sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Primeira Sessão com Dna. Ruth

     Neste sábado, o Gil não veio, foi para o Rio votar e ver a filha. Mas, excepcionalmente veio o Marcos, nosso companheiro que participa do trabalho com a Sílvia às quartas. Quando pode, vem nos ajudar no sábado.

     Íamos começar a prece inicial que fazemos antes das visitas, quando dna. Ruth chegou.  Dna. Ruth é aquela senhora sobre a qual escrevi no dia 19 deste mês, com o título "Tratando um Trauma Psíquico". Solicitamos que esperasse um pouco e, após a prece, chamei-a para conversarmos, enquanto Sílvia e Marcos saiam para visitar as famílias.

COMEÇANDO A SESSÃO

     Dna. Ruth estava se sentindo melhor, desde nossa breve sessão do penúltimo sábado. Já checara suas condições físicas e estava tranquilo sobre isto. Expliquei-lhe o que íamos fazer, e que ali estava espiritualmente protegida. Ela, mostrando ter entendido, concordou.

REVIVENDO O EVENTO TRAUMÁTICO

     Iniciei pedindo que contasse o trágico episódio que viveu há dois anos, quando o filho fora assassinado na sua frente. Contou, emocionada. Em seguida, pedi que fechasse os olhos e a induzi, por meio de rápido relaxamento, a aprofundar seu nível de consciência. Num nível mais profundo de consciência, conduzi-a a reviver o evento traumático.

     Reviver a situação traumática é uma das técnicas mais eficazes para tratar o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. O reviver é diferente do apenas recordar. Implica em se sentir novamente na situação, revivendo as emoções, sensações físicas e pensamentos que teve então. Por isto, deve ser feito apenas por psicólogos ou psiquiatras devidamente habilitados e experientes, caso contrário poderá fazer mais mal do que bem.

     Revivendo a situação e a narrando, dna. Ruth foi se comovendo cada vez mais. À medida em que revivia o acontecido, as lágrimas desciam silenciosas por suas faces, e a voz, a expressão facial, a respiração mostravam as intensas emoções que estava sentindo: raiva, medo, tristeza, culpa, ansiedade e angústia. Agora surgiam importantes detalhes que não haviam aparecido na sua narração em estado de virgília. Esses detalhes mostravam as razões dela se sentir culpada pelo assassinato do filho.

O MOMENTO MAIS TRAUMÁTICO

     Aprofundando a vivência, conduzi-a a identificar o momento que percebeu como o mais traumático. Havia sido o momento no qual, na rua, em plena luz do dia, o agressor enfia a faca na coxa do filho, atingindo a artéria femoral. O rapaz caminha cambaleante, até que cai. Ela senta-se no chão, coloca a cabeça do filho no colo e, tentando inutilmente com as mãos conter a intensa hemorragia, grita por ajuda: que alguém chame a polícia, uma ambulância! Vizinhos que presenciam a cena mobilizam-se e, em minutos chega a polícia, seguida pela ambulância. Mas já é tarde. Seu filho não resiste, morre ao chegar no hospital. O assassino fugiu.

ELABORAÇÃO DA VIVÊNCIA

     O processo de elaboração da vivência traumática é uma das partes fundamentais deste processo terapêutico. E é muito facilitado se o paciente tem alguma fé religiosa mais profunda. É o caso da dna. Ruth que, desde o acontecimento, vem se tratando espiritualmente e está cursando o 1o. Básico da FEESP. Mobilizando sua fé em Jesus, seu conhecimento espírita na reencarnação e no carma como processo de resgate e aprendizagem, ajudei-a a começar a elaboração do acontecimento e formular uma decisão positiva que a auxilie na libertação das intensas emoções, sensações e pensamentos negativos que vivenciou.

    Esta foi a decisão formulada e que lhe trouxe alívio no momento: "Estou tranqüila, com Jesus no coração". Isto para ela significa manter a tranquilidade quando insultada ou agredida, mantendo-se firme, mas não revidando ao ódio com mais ódio, pois Dna. Ruth está começando a compreender que isto pode levar a tragédias irreparáveis. E que esta é a melhor homenagem e reparação que pode prestar a seu filho desencarnado, além de servir de exemplo positivo para o seu filho mais novo.

FINALIZAÇÃO

       Em seguida, após o fortalecimento da decisão tomada, ajudei-a na simulação mental de uma cena num futuro próximo em que ela estaria, diante de uma agressão verbal, colocando em prática com naturalidade a decisão positiva. Finalizando, conduzi-a de volta ao estado normal de vigília. Dna. Ruth estava bem, aliviada. Combinamos, para o próximo sábado, uma sessão mais breve, de acompanhamento e reforço da decisão positiva.

     Um Transtorno de Estresse Pós-Traumático não é sanado numa única sessão. São necessárias algumas, num número que varia de pessoa para pessoa, de caso para caso. Porém, como havia comentado dia 19/09/2010, quando o processo terapêutico é apoiado vibratoriamente por pessoas de boa vontade, no contexto de um trabalho de ajuda, os resultados positivos tendem a ocorrer mais rapidamente.

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