sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Água da Paz - uma maneira eficaz de se evitar discussões improdutivas

Em setembro de 2006, a revista Época (da Ed. Globo) fez duas eleições para escolher o maior brasileiro da História. Na primeira, um grupo de intelectuais montado pela revista escolheu Ruy Barbosa que foi, então, capa da edição 434 da revista. Na segunda eleição, do qual participaram milhares de leitores, Chico Xavier foi o mais votado, tornando-se, assim, a matéria de capa da revista Galileu História (da mesma editora) no. 8, de outubro do mesmo ano.

No editorial, o editor-chefe apresenta o Chico como “o maior nome do espiritismo do século XX” e acrescenta que: “Graças às impressionantes mensagens psicografadas por ele em seu centro espírita em Uberaba, brasileiros das mais diversas religiões passaram a ver o trabalho de médiuns com outros olhos. Não raro, católicos, protestantes e evangélicos declaram sua admiração e respeito pela obra realizada por Xavier”.

A matéria “O Homem que Escutava” tem 12 páginas. Traça uma breve biografia do Chico, trás um pequeno dicionário dos termos espíritas mais usados (dicionário espírita on line de Jorge Luiz Niederauer de Lima - http://www.annex.com.br/pessoais/confrariahpe/verbetes.htm) e uma entrevista com um dos seus biógrafos, Marcel Souto Maior, sobre seus contatos com o Chico. Trás, também, vários casos reais do Chico do livro “Lindos Casos de Chico Xavier”, de Ramiro Gama (Ed. Lake, 1995).

Um dos casos, que reproduzo abaixo, apesar de conhecido por muitos, vale a pena ser divulgado pela lição singela que nos dá, típica do Chico.

A ÁGUA DA PAZ

Em torno da mediunidade, improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões.
É, não é. Viu, não viu.
E o médium sofria, por vezes, longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido.
Por isso, à hora da prece, achava-se quase sempre desanimado e aflito.
Certa feita, o Espírito de Dona Maria João de Deus compareceu e aconselhou-lhe: “Meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz”.
O Médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo.
Não o encontrou. Recorreu a Belo Horizonte. Nada.
Ao fim de duas semanas, comunicou à progenitora desencarnada o fracasso da busca.
Dona Maria sorriu e informou: “Não precisa viajar em semelhante procura. Você poderá obter o remédio em casa mesmo. A Água da Paz pode ser a água do pote. Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora, nem a engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz, banhando a língua”.
O Médium baixou, então, os olhos, desapontado.
Compreendera que a mãezinha lhe chamava o espírito à lição da humildade e do silêncio.

domingo, 19 de dezembro de 2010

NÃO PODEMOS FAZER UM NOVO COMEÇO, MAS UM NOVO FIM

       Um amigo, que chamarei aqui de Leôncio, contou-me sobre um estranho fenômeno que ocorre eventualmente com ele. Leôncio faz trabalho voluntário com famílias carentes e, num passado próximo, trabalhou também com  moradores de rua. O fenômeno é o seguinte: olhando para a pessoa à sua frente (assistidos com os quais trabalha), visualiza, às vezes com muita clareza, uma imagem dela como teria sido numa existência anterior. 
        Assim, mendigos transformam-se em orgulhosos nobres ou ricos comerciantes, mulheres maltrapilhas em damas altivas e ricamente adornadas. Junto com essas visões, vêm-lhe também, num rápido flash de segundos, uma espécie de filme compacto de aspectos da vida anterior da pessoa em ambientes nos quais teria vivido. De coisas que teria feito e/ou deixado de fazer relacionadas às atuais condições e dificuldades da existência atual.
        Vendo tais coisas, ele compreende muito do porquê do comportamento, expressões e atitudes da pessoa que está assistindo.                                                  
       Conheço Leôncio há muitos anos e o vejo como uma pessoa com "pé no chão", não propenso a devaneios e um pouco "São Tomé" (aquele que precisa ver evidências concretas para crer). Ou seja, não sofre de trantorno mental com surtos delírantes, nem alguém de mente frágil que se deixe levar facilmente pela imaginação, a ponto de não distinguir realidade de fantasia.
       Por ser espírita, Leôncio aceita com tranquilidade tais visões: não se empolga com elas, nem se assusta. As imagens vem-lhe quando está tranquilo, equilibrado, e trazem com elas um sereno sentimento de verdade.
       Para ele, tais experiências reforçam sua crença na reencarnação e na lei cármica da ação e reação, a qual nos ensina que nossa vida atual, potenciais e tendências (positivas e negativas) são produtos de nossas ações anteriores. E que nossa situação atual não é um destino fixo, mas dinâmico, pois, como disse Chico Xavier, embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Lindos Casos de Chico Xavier: A Caridade e a Oração

 Mais um dos lindos casos do livro de Ramiro Gama:
  
        “O Centro Espírita Luiz Gonzaga” ia seguindo para a frente... Certa feita, alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado.
       O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se ao solo, de uma altura de quatro metros.
       O guia desaparecera e o cego vertia sangue pela boca.
       Sozinho, sem ninguém...
       Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico.
       Curioso facultativo receitou, graciosamente.
       Mas o velhinho precisava de enfermagem.
       O médium velava junto dele à noite, mas durante o dia precisava atender às próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo.
       Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo.
       E Chico providenciou para que fosse publicada uma solicitação, rogando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente. 
      Alguém que pudesse ajudar.
      Não importava que o auxílio viesse de espíritas, católicos ou ateus.
      Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse.
      Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe:
      — Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir...
      — Ah! como não? — replicou o médium — Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade.
      Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo.
      Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz.
      Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam.
Então, uma delas disse ao médium:
      — Chico, a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar.
      E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LIBERTANDO-SE DAS CORRENTES DO ÓDIO

       Neste sábado passado, estive com dna. Ruth. Ela já fez a reconstituição do assassinato do filho. O acusado pelo assassinato não apareceu. Dna. Ruth manteve-se calma e ajudou na reconstituição do crime, tendo um policial civil feito o papel do acusado e o filho de uma vizinha desempenhado o papel do seu filho assassinado. As informações obtidas parecem ter sido adequadas e dna. Ruth foi elogiada pela coragem e pela coerência de seu desempenho.
       Ao conversar com dna. Ruth, percebi que ela estava muito bem. Disse-me que, desde que iniciamos o tratamento, tem se lembrado constantemente de sua redecisão "estou tranqüila, com Jesus no coração" (veja postagem "A Primeira Sessão com Dna. Ruth" de 29/10/2010) e, com isto, sentido-se melhor, a insônia praticamente acabou, assim como os pensamentos intrusivos - as imagens e pensamentos "obsessivos" relacionados à situação traumática que vivenciou dois anos atrás.
       Contou-me, também, que ficou preocupada pelo fato de que, em decorrência da reconstituição, teria que faltar à prova final do Curso Básico que está fazendo na Federação Espírita do Estado de S. Paulo (FEESP), e temia perder o ano por isto. Conversou com a Sílvia sobre isto e ela a acalmou, dizendo que não se preocupasse, porque falaria com a diretora da área - sua falta era justificável e, dentro dos procedimentos da área de ensino, teria oportunidade de fazer uma nova prova. E assim ocorreu.
       Dna. Ruth também se preocupava porque, embora prestasse atenção nas aulas, não faltasse e respondesse aos questionários (lições de casa), achava que não estava conseguindo reter o que os expositores haviam ensinado. Contudo, na hora da prova, sentiu-se muito calma e, à cada questão, as respostas vinham-lhe à mente. Acertou todas!
     Nesta nova fase de sua vida, outra coisa começou a acontecer à dna. Ruth: aparentes episódios de precognição. Algumas vezes, tem sonhado, outras pressentido acontecimentos que acabam se realizando. Desde acontecimentos mais corriqueiros, como pensar intensamente numa pessoa e esta dali a pouco telefonar-lhe, quanto eventos mais significativos, como quando sonhou, vários dias antes dos acontecimentos do Rio, quando traficantes por várias dias incendiaram carros e ônibus. Antes que tais fatos ocorressem e fosse noticiados pela mídia, dna. Ruth sonhou com grupos de chefes de bandidos ordenando as queimas de carros e depois seus comandados ateando fogo a veículos nas ruas. Acordou assustada, sem compreender o que era aquilo, só entendo quando os eventos começaram a ser noticiados.
       É claro que para se determinar se ocorreu ou não de fato precognição seria necessário uma pesquisa mais rigorosa e, se possível, testes. Porém, diante  de detalhes que ela narrou espontaneamente e em resposta a perguntas que lhe fiz, acredito haver indícios de precognição. Independentemente da existência ou não de evidências significativas de precognição (que outras "coincidências" semelhantes no futuro poderão fortalecer), dna. Ruth pareceu-me espiritualmente bem e, disse-me, com a certeza de que seu filho está bem no plano espiritual. 
       Esta certeza a tranqüiliza e a ajuda no processo de perdão do assassino. Ela está se convencendo, cada vez mais, que este perdão é importante para sua própria paz de espírito, para se libertar do trauma e das correntes que ainda a prendem ao assassino do filho. 
       Como no clássico filme "Acorrentados" (de 1959, com Tony Curtis e Sidney Poitier), essas correntes apenas podem ser quebradas pela superação do ódio, pela conciliação (ao menos internamente, mas verídica, honesta). Este, entretanto, é um processo que raramente ocorre todo de uma só vez. Mas, à medida que o perdão progride, progride também a sensação de alívio, libertação e paz...