segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LIBERTANDO-SE DAS CORRENTES DO ÓDIO

       Neste sábado passado, estive com dna. Ruth. Ela já fez a reconstituição do assassinato do filho. O acusado pelo assassinato não apareceu. Dna. Ruth manteve-se calma e ajudou na reconstituição do crime, tendo um policial civil feito o papel do acusado e o filho de uma vizinha desempenhado o papel do seu filho assassinado. As informações obtidas parecem ter sido adequadas e dna. Ruth foi elogiada pela coragem e pela coerência de seu desempenho.
       Ao conversar com dna. Ruth, percebi que ela estava muito bem. Disse-me que, desde que iniciamos o tratamento, tem se lembrado constantemente de sua redecisão "estou tranqüila, com Jesus no coração" (veja postagem "A Primeira Sessão com Dna. Ruth" de 29/10/2010) e, com isto, sentido-se melhor, a insônia praticamente acabou, assim como os pensamentos intrusivos - as imagens e pensamentos "obsessivos" relacionados à situação traumática que vivenciou dois anos atrás.
       Contou-me, também, que ficou preocupada pelo fato de que, em decorrência da reconstituição, teria que faltar à prova final do Curso Básico que está fazendo na Federação Espírita do Estado de S. Paulo (FEESP), e temia perder o ano por isto. Conversou com a Sílvia sobre isto e ela a acalmou, dizendo que não se preocupasse, porque falaria com a diretora da área - sua falta era justificável e, dentro dos procedimentos da área de ensino, teria oportunidade de fazer uma nova prova. E assim ocorreu.
       Dna. Ruth também se preocupava porque, embora prestasse atenção nas aulas, não faltasse e respondesse aos questionários (lições de casa), achava que não estava conseguindo reter o que os expositores haviam ensinado. Contudo, na hora da prova, sentiu-se muito calma e, à cada questão, as respostas vinham-lhe à mente. Acertou todas!
     Nesta nova fase de sua vida, outra coisa começou a acontecer à dna. Ruth: aparentes episódios de precognição. Algumas vezes, tem sonhado, outras pressentido acontecimentos que acabam se realizando. Desde acontecimentos mais corriqueiros, como pensar intensamente numa pessoa e esta dali a pouco telefonar-lhe, quanto eventos mais significativos, como quando sonhou, vários dias antes dos acontecimentos do Rio, quando traficantes por várias dias incendiaram carros e ônibus. Antes que tais fatos ocorressem e fosse noticiados pela mídia, dna. Ruth sonhou com grupos de chefes de bandidos ordenando as queimas de carros e depois seus comandados ateando fogo a veículos nas ruas. Acordou assustada, sem compreender o que era aquilo, só entendo quando os eventos começaram a ser noticiados.
       É claro que para se determinar se ocorreu ou não de fato precognição seria necessário uma pesquisa mais rigorosa e, se possível, testes. Porém, diante  de detalhes que ela narrou espontaneamente e em resposta a perguntas que lhe fiz, acredito haver indícios de precognição. Independentemente da existência ou não de evidências significativas de precognição (que outras "coincidências" semelhantes no futuro poderão fortalecer), dna. Ruth pareceu-me espiritualmente bem e, disse-me, com a certeza de que seu filho está bem no plano espiritual. 
       Esta certeza a tranqüiliza e a ajuda no processo de perdão do assassino. Ela está se convencendo, cada vez mais, que este perdão é importante para sua própria paz de espírito, para se libertar do trauma e das correntes que ainda a prendem ao assassino do filho. 
       Como no clássico filme "Acorrentados" (de 1959, com Tony Curtis e Sidney Poitier), essas correntes apenas podem ser quebradas pela superação do ódio, pela conciliação (ao menos internamente, mas verídica, honesta). Este, entretanto, é um processo que raramente ocorre todo de uma só vez. Mas, à medida que o perdão progride, progride também a sensação de alívio, libertação e paz...

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