Marcela (nome fictício neste caso real) tem cerca de 20 anos. Sua mãe era uma das nossas assistidas, assim como a avó que mora com elas. Moram juntos, também, dois irmãos mais novos da Marcela. Marcela ficou grávida. O namorado não assumiu e tanto a mãe, como a avó queriam que ela abortasse. Marcela resistia, queria o bebê.
Num dos sábados, meses atrás, Sílvia, Gil e eu fomos visitar Marcela, a mãe e a avó. Embora morem na região central, o local é longe da unidade da Sto. Amaro da FEESP, nossa base. Após uma boa caminhada, chegamos na casa delas. Batemos palmas, chamamos, nada. Já estávamos saindo, quando uma vizinha avisou-nos que elas não estavam: a mãe da Marcela havia falecido no dia anterior de um ataque do coração!
Sílvia entrou em contato mais tarde com Marcela e a avó que, ainda com a dor da separação, voltaram a frequentar as reuniões de apoio, buscando e obtendo consolação. Marcela continuava firme na decisão de ter o bebê. A avó contra, assim como alguns outros membros da família que moravam em outra cidade. Com o tempo, porém, a avó foi cedendo a contragosto.
O bebê chegou. E a avó se apaixonou. A vinda da criança mudou tudo, revolucionou a vida de todos na casa modesta. Como escreveu o poeta João Cabral de Melo Neto, foi "tão belo como um sim numa sala negativa"! ("Vida e Morte Severina"). Trouxe nova vida, nova luz a todos na casa! Todos estão mais ativos, mais dinâmicos, mais otimistas!
O nascimento do bebê atuou nesta família como o nascimento da criança no poema "Vida e Morte Severina" (que virou peça de teatro e depois filme) do qual reproduzo um belo trecho abaixo - "Falam os vizinhos, amigos, pessoas que trouxeram presentes etc.":
De sua formosura
Belo como a última onda
Num dos sábados, meses atrás, Sílvia, Gil e eu fomos visitar Marcela, a mãe e a avó. Embora morem na região central, o local é longe da unidade da Sto. Amaro da FEESP, nossa base. Após uma boa caminhada, chegamos na casa delas. Batemos palmas, chamamos, nada. Já estávamos saindo, quando uma vizinha avisou-nos que elas não estavam: a mãe da Marcela havia falecido no dia anterior de um ataque do coração!
Sílvia entrou em contato mais tarde com Marcela e a avó que, ainda com a dor da separação, voltaram a frequentar as reuniões de apoio, buscando e obtendo consolação. Marcela continuava firme na decisão de ter o bebê. A avó contra, assim como alguns outros membros da família que moravam em outra cidade. Com o tempo, porém, a avó foi cedendo a contragosto.
O bebê chegou. E a avó se apaixonou. A vinda da criança mudou tudo, revolucionou a vida de todos na casa modesta. Como escreveu o poeta João Cabral de Melo Neto, foi "tão belo como um sim numa sala negativa"! ("Vida e Morte Severina"). Trouxe nova vida, nova luz a todos na casa! Todos estão mais ativos, mais dinâmicos, mais otimistas!
O nascimento do bebê atuou nesta família como o nascimento da criança no poema "Vida e Morte Severina" (que virou peça de teatro e depois filme) do qual reproduzo um belo trecho abaixo - "Falam os vizinhos, amigos, pessoas que trouxeram presentes etc.":
"De sua formosura
deixai-me que diga:
é belo como o coqueiro
que vence a areia marinha.
De sua formosura
deixai-me que diga:
belo como o avelós
contra o Agreste de cinza.
De sua formosura
deixai-me que diga:
belo como a palmatória
na caatinga sem saliva.
De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.
é tão belo como a soca
que o canavial multiplica.
Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.
que o fim do mar sempre adia.
é tão belo como as ondas
em sua adição infinita.
Belo porque tem do novo
a surpresa e a alegria.
Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia.
Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
quando a gente o principia.
E belo porque o novo
todo o velho contagia.
Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia.
com sangue novo a anemia.
Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.
Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria."
Bravo!!!!!!!!!
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